terça-feira, 12 de maio de 2009

Vivendo a ficção

Ninguém mais era obrigado a roçar em quem quer que fosse. Transeuntes anônimos sem destino em perpétuo estado de colisão eram vestígios de um passado remoto. Ondas e mais ondas preenchiam as dimensões levando e trazendo dados dos tecelões da personalidade na velocidade da luz.
---Nas últimas 24 horas engordei 400 gramas. Estacionei na página 85 de "Mrs. Dalloway". Consumi 20.000 litros de água. Respondi a 748.371 solicitações. Incorporei 529.242 identidades a minha esfera.
Todos estavam interconectados em algum nível. Não havia vãos na teia. O falso, o desconhecido e o ausente foram extintos por todo o sempre. As incertezas eram reproduções de mitos antológicos.
Ele jamais supusera que os rastros de sua vida prosaica serviriam para ilustrar os compêndios ficcionais do amanhã onisciente.

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