quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Canção

Era incapaz de concentrar-se em qualquer coisa que fosse ouvindo música sozinho. E as músicas de que gostava faziam sua pele incandescer e palpitar. Não era uma sensação agradável. Era uma forma de dor, ferida. O tempo constante interrompia o traçar do destino e seus contornos jamais vistos ganhavam volume, peso, força e o cutucavam, comprimiam, sufocavam.

Leu no jornal sobre o show do novo cantor. Bateu uma curiosidade pouco habitual. Escolheu uma música aleatoriamente e esperou.

Lágrimas brotaram de uma comporta abissal. Enxergou seu rosto mergulhado apiedando-se onisciente de tudo aquilo que ele retinha e não compreendia.

Quatro frases infantis em francês. Duas perguntas. Nenhuma resposta.

A inocência do passado perdido dava as mãos àquele estranho sem mémoria reconhecido no presente.

Duas perguntas sussurradas repetidas vezes. Onde não alcançava, alguém o esperava.

8 comentários:

  1. Essas canções que nos fazem encontrar os elos perdidos são avassaladoras.
    A música entra sem pedir licença e mexe tão fundo que quando percebemos já foi... lágrimas, perguntas, e uma profunda comoção que te pergunta sem dar respostas... é isso mesmo. Lindo e inexplicável assim!

    As férias me deixaram um pouco longe, mas to de volta!
    Tenho que te agradecer a indicação do site da Heloísa Buarque, foi super util, lembrar o nome dela já foi pra buscar bibliografia.
    Meu email, que fiquei devendo é: deise.anne@hotmail.com

    To vendo que você apareceu em setembro mais vezes que eu, depois volto pra comentar os outros textos.
    Abração, Herdeiro! =)

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  2. herdeiro, vc devia conhecer a Deise ao vivo, ela é linda, linda, linda, viu?!

    hehe. ;D

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  3. o passado tem um poder enorme né?
    eu me encontro em tantos lugares que me emocionam, músicas, pessoas, cheiros, pensamentos.
    hoje durante o almoço uma lembrança me fez chorar.
    ainda bem que naquela hora algumas pessoas já tinham se retirado da mesa, então foi fácil eu me conter.

    eu queria entender o sentido das perguntas e das respostas (ou não) nesse teu texto louco.

    to com sono. vou dormir.

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  4. Oi, Sandra!!
    Eu já sabia que a Deise é bela...mas por outro tipo de beleza...mais perene :P
    Brigadaço pelo comentário!! Bons sonhos!!

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  5. Na verdade o sapo sou eu!! kkkk

    P.S.

    Vocês se conhecem pessoalmente??

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  6. Agora eu ri do comentário da Sandra! kkkkkkkk

    Conheçi a Sandra através do blog, comentando os textos dela e ela comentando os meus, até que um dia, na festa de formatura de uma amiga em comum, nos conhecemos pessoalmente. Conversamos pouco na festa, add no orkut, depois no msn, mas quase não temos contato por esses meios. A troca se dá, de fato, pelos comments nos blogs.
    Acho que nos blogs a gente cria uma linguegem própria pra falar dos pensamentos, incomodos e sentimentos, que não é convencional na vida cotidiana, por isso os encontros na vida real acabam sendo meio tímidos...

    Sobre seu comentário lá no meu blog, acredito que as relações simbióticas são sempre doentias e fascinantes, não há, de fato mocinho, nem bandido, há vantagem e desvantagem em estar junto, quando as desvantagens pesam mais, a relação se torna, ao meu ver, algo como aquilo que eu tentei descrever... saber perceber o momento do fim é uma sabedoria de poucos...

    Entendido, sapo? kkkkk
    No fundo somos todos sapos... essa é a única verdade, o resto é blefe!

    Abração, herdeiro. :P

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  7. haha, deleta o que a Deise disse!

    primeiro porque o jeito que eu comento é o jeitinho que eu falo.

    segundo, na festa eu não conversei tanto com ela porque o nível de álcool no meu sangue era um tanto elevado. mas se ela tivesse perguntado à mesa vizinha, de um outro formando lá (a única mesa que tinha vodka na festa inteira, pode?), ela iria ver que os meus 'encontros na vida real' são raramente tímidos... haha.. prova disso é que eu nem conhecia o tal formando, e consegui um litro inteirinho. só na base da conversa...

    desculpa o chá de sumiço, estou 'away' dessa vida de blog. mas aqui acolá apareço, que nem menstruação, sabe..

    bj ;*

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